terça-feira, 15 de julho de 2008

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...

Hoje ouvi a seguinte frase:
“Algumas coisas aconteceram na sua vida que causaram um ‘bolo doido’... Você é uma adolescente AOS 30...”.



Bem...
Quem me falou isso tem até uma certa razão, mas não pelos motivos aos quais alegou e sim pelo fato de que muita coisa aconteceu comigo e deram a minha vida um certo ar de ‘CRESCI SEM QUERER’...

Tive uma linda infância...
Fui criança em todos os aspectos, subi em árvores, caí de patins, andei de bicicleta, brinquei de pique esconde, casinha, ‘médico’... rs... Enfim... Fiz tudo o que uma criança saudável (graças a Deus) faz...
Mas quando entrei na adolescência, de certa forma fui ‘lesada’ ao ter minha inocência roubada por um casamento prematuro... Consciente sim, mas prematuro também.

Pra ‘fugir’ do rigor de um pai extremamente ditador que me mantinha praticamente num ‘cárcere privado’, eu entrei na cilada da vida de achar que me casando eu estaria livre dos meus problemas... Foi pior...
Casei com um homem que eu amava, virgem, inocente, imatura e cheia de sonhos...
Casei por opção minha e com o aval dos meus pais que obviamente me criaram pra ser a ‘menina-moça’ da família... Criaram-me com todas as pompas e me deram de tudo, dentro das condições deles, mas deram... Só que eles deram tanto, que acabaram se esquecendo que eu era uma adolescente... Uma jovem com sonhos e desejos como qualquer outra... Só que pra eles eu não poderia ter desejos e meus sonhos eram ‘besteiras de uma menina avoada’.
Eu não tinha espaço pra nada...
Se eu estivesse ao telefone, queriam saber quem era e o que eu falava...
Se eu estivesse falando no portão, ficavam olhando pela fresta da janela...
Se ia uma amiga em casa e nós ficássemos no quarto batendo papo, certamente minha mãe saberia de tudo o que conversávamos, não porque eu contaria e sim porque ela estaria ouvindo atrás da porta...
Enfim...
Por mais que eu os ame, eu não posso negar que os exageros deles me prejudicaram bastante sim, e tento não repetir o mesmo erro com meu filho. Isso é o que mais importa.
Bem...
Vamos ‘mudar o rumo dessa prosa’...
O fato, é que as coisas pra mim na minha adolescência não foram nada fáceis.
Não porque me faltasse coisas materiais e sim porque me faltou espaço pra que eu pudesse expor sem medos os meus sentimentos e com isso me aprisionei a situações que roubaram um pouco da minha inocência imaculada.
Meu casamento não durou mais que cinco anos e acabou mesmo havendo muito amor de ambas as partes...
Acabou por falta de maturidade dos dois e por olharmos em direções diferentes. Se eu tivesse tido tempo e ESPAÇO pra saber o que eu queria pra minha vida, muita coisa teria sido diferente...
Mas como eu já disse antes... Melhor esquecer essa história.
O que se passa, é que com todos os acontecimentos citados a cima, e mais alguns, eu tive que crescer antes do tempo e não deu pra trazer na mochila todas as coisas necessárias pra minha sobrevivência, com isso, me vejo por muitas vezes tendo algumas questões pessoais típicas de uma adolescente em crise, mas o que me favorece é que essas crises passam absurdamente mais rápidas do que na época em que eu estava na casa dos 14/15 anos.

Lá, toda decepção era um sofrimento eterno...
Toda paixão passageira era o último dos amores e quando ia embora levava todas as lágrimas possíveis a ponto de quase me deixar seca...
Lembro-me até hoje do meu primeiro namorado e dos rios de lágrimas que derramei por ele, quando por causa de uma nota vermelha no colégio, meu pai (tão bonzinho) me obrigou a terminar o namoro...
Nossa...
Acho que meus olhos nunca ficaram tão inchados de tanto chorar na minha vida...
O mundo parecia estar desabando sob meus pés.

Como se não bastasse essa dor, tudo ficou bem pior depois que minha ‘melhor amiga’ entrou no caminho e simplesmente acabou de destruir todos os meus sonhos, se fazendo de boa moça e se colocando à disposição dele, passou a namorá-lo, fazia questão de passar na minha frente com ele toda sorridente e fazia de tudo também pra que ele me odiasse, inventando coisas absurdas a meu respeito...
Essa decepção foi tão grande e tão intensa que as conseqüências trazidas por ela pesam na minha vida até hoje, mesmo já tendo se passado quase 15 anos...
Não confio em mulher nenhuma e minhas amizades são em 99% masculinas.
Só existe UMA pessoa que conseguiu quebrar essa barreira e conquistou meu coração de uma forma que eu jamais imaginei que aconteceria novamente. Mas no geral, faço muitas amizades, me dou bem com todo mundo graças a Deus, mas seleciono e muito as pessoas que realmente podem entrar e fazer parte da minha vida.
Se tratando de mulher, estou SEMPRE com os dois pés atrás, mas sinceramente eu agradeço a Deus por essas experiências, pois me ensinaram a ser mais ‘ATENTA’.

Hoje em dia pra conseguir me enrolar posando de ‘anjinho’, NEM MEU FILHO...

Mas é isso...
A frase que ouvi, me trouxe uma realidade que mesmo que eu queira, eu não tenho como ignorar... Minha adolescência foi quebrada e agora vira e mexe a menina que existe aqui adormecida, acorda e dá uma ‘espreguiçada’ básica, olhando o mundo com uma certa rebeldia, mas a mulher sensata chega correndo e mostra quem manda...


Terminando com letrinha de Cássia Eller porque depois de tudo que escrevi, é o melhor resumo que eu poderia achar...

Malandragem


Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola sozinha
Cansada com minhas meias três-quartos
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má
Quem sabe o príncipe virou um chato
Que vive dando no meu saco
Quem sabe a vida é não sonhar

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança e não conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar

Bobeira é não viver a realidade
E eu ainda tenho uma tarde inteira
Eu ando nas ruas, eu troco um cheque.
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar


Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança e não conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...



Depois eu volto...
Pra quem gosta, seja bem vindo!
Quem não gosta... Tem certeza?
Rsrsrs


Vy Cruz.


Shakur!

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